Domingo, 23 de setembro de 2012 06:07 pm
Matéria publicada no Blog da Igualdade por Sandra Machado
Os Feminismos serão debatidos na UnB
Ciclo de palestras começa na terça-feira
A procuradora Ela Wiecko abre o Simpósio com exposição
sobre os Estereótipos de Gênero no Sistema de Justiça
Uma série de debates de alto nível acadêmico será rara oportunidade para conhecer ou saber mais sobre a(s) História(s) das mulheres, os estudos de gênero e suas perspectivas no Brasil e no mundo. O Grupo de Estudos Feministas (Gefem), da Universidade de Brasília, promove o I Simpósio de Encontros Feministas, interdisciplinares e interinstitucionais, que acontece a partir de terça-feira (25), na UnB.
As mesas serão quinzenais e contarão com profissionais e educadoras
que pesquisam e atuam em diversas áreas do conhecimento, como História,
Literatura e Letras, Comunicação Social, Sociologia, e Direito. A
abertura terá palestras sobre as investigações feministas no judiciário,
como os estereótipos de gênero no sistema judicial, e também os
dispositivos que criam obstáculos aos feminismos e à atuação das
mulheres na sociedade.
As primeiras palestras serão das professoras
Ela Wiecko Volkmer de Castilho, procuradora já indicada pela
Associação Nacional dos Procuradores da República para o cargo de
ministra do Supremo Tribunal Federal (STF);
Tânia Navarro Swain (Departamento de História/UnB), uma das fundadoras do Gefem;
e da escritora e tradutora Norma Telles, pesquisadora da Universidade Católica de São Paulo.
Até o início de dezembro, quem participar do Simpósio ouvirá e conhecerá outras histórias, ou as vividas pelo
Outro
(a mulher), contadas por meio das (re)construções feitas a partir das
pesquisas das mulheres, sobre elas e realizadas por elas.
É o caso dos estudos que a professora Diva C. G. Muniz (da
Pós-Graduação em História/UnB) escreve sobre mulheres, educação e
cidadania no Brasil, em diversos ensaios e nos livros
Um Toque de Gênero – História e Educação (MG, Brasil, 1835-1892)
e em
Mulheres em Ação – Práticas Discursivas, Práticas Políticas
, em co-autoria com Tânia Swain. Diva Muniz participará da mesa
"Os feminismos fazem história"
, no dia 23 de outubro.
Mulheres ocupam espaços públicos
As palestras trarão à luz diferentes perspectivas feministas, que têm
em comum a preocupação em modificar as relações sociais desiguais e
hierárquicas em relação às mulheres, e seu silenciamento ao longo das
histórias do Brasil e das civilizações.
Margareth Rago, da Universidade de Campinas (SP), debaterá
subjetividade e feminismos, em perspectiva do filósofo francês Michel
Foucault. Ela é autora de
textos e livros fundamentais na literatura feminista brasileira, como
Do Cabaré ao Lar, A utopia da cidade disciplinar
,
Os Prazeres da Noite, Prostituição e Códigos da Sexualidade Feminina em São Paulo
,
Anarquismo e Feminismo no Brasil
, e
Entre a história e a liberdade: Luce Fabbri e o anarquismo contemporâneo,
onde resgata a biografia da escritora anarquista italiana, peça importante da Revolução Espanhola (1936).
Resgate das Memórias
Tais pesquisas são exemplos do fazer historiográfico que reedita as
muitas ações de mulheres que foram silenciadas, esquecidas, omitidas, ou
deturpadas ao longo dos séculos. No trabalho de escavação de
formiguinha, são apresentadas formas de salvar as imagens e experiências
do passado, ricas e significativas, ameaçadas pelo esquecimento. Nas
palavras de Rago: “lugar social marcado pelas diferenças de gênero que
determina a estrutura da memória sobre o social”.